

Nossa Co(m)luna
Com Ricardo "Mouse"

O Timberwolves e o draft – Parte II
1995: A Chegada do Messias.
Zdravstvuy Camaradas!
Mais atrasado que o Hernangomez voltando para o training camp do Wolves e sob mais ameaças do que o KAT em um pick and roll, a NOSSA co(m)luma está de volta com a análise desse relacionamento abusivo que o Minnesota Timberwolves tem o draft. Como vocês já sabem, ou não, a ideia é passar por todos os jogadores draftados por essa franquia fracassada e dar os nossos pitacos vagos porém assertivos sobre esses jogadores. No entanto, a análise dessa vez não será sobre vários drafts, mas sobre um em especial, o draft de 1995, talvez o maior na história da franquia. Chegou a hora de falar dele, o maior de todos, o Messias reencarnado, o motivo pelo qual o Lobbo passa vergonha se expondo na internet, a razão das vozes inquietas na cabeça do Will, a explicação para as múltiplas personalidades do JJ, o assunto pós-sexo do Toledo, o gerador da obesidade mórbida do Daniel, o jogador que transformou o Minnesota Timberwolves em uma franquia da NBA, simplesmente Kevin Garnett.
Antes uma rápida revisão das categorias.
Wes Johnson: Jogador draftado na loteria que não virou nada ou virou um journeyman na liga, o famoso bust.
Bojan Dubljieviç: Não sabe quem é? Tudo bem, nós também não. Categoria do jogador draftado fora da loteria que não virou nada ou nem pisou na liga, o famoso sérvio de 20 anos draftado no final da segunda rodada.
Gorgui Dieng: Jogador que você não lembra que foi draftado, joga várias temporadas na liga, desaparece e você não sabe se ele foi uma realidade ou só um delírio coletivo.
Andrew Wiggins: Todo torcedor do Timberwolves sabe que o Wiggins é pick do Cavs, mas como a bomba explodiu com a gente essa é a categoria daquele jogador que é útil de vez em quando e vai ter vida longa na liga, o famoso role-player.
Kevin Love: Saudades, já não sei se é a palavra certa para usar, o famoso all-star que foi embora.
Kevin Garnett: Se você não entendeu, feche o blog e vá jogar LoL.
1995: Um salvador ascende em Minnesota!
Jogador: Kevin Garnett
Pick: 5
Posição: À que ele quiser
Categoria: Kevin Garnett
Comentários: Se a análise acabasse aqui, nesse momento, apenas dizendo que o Timberwolves draftou Kevin Garnett, saberíamos que o Wolves foi o grande vencedor do draft de 1995. Todo fã, casual ou não, de NBA reconhece esse nome e sabe o quão transformador KG foi para o Timberwolves e para a NBA de forma geral, porém esse é um texto voltado para torcedores do Timberwolves, hospedado em site voltado para torcedores do Timberwolves, que nasceu de um podcast dedicado a destruir a imagem dos seus participantes e ao Timberwolves, logo, não poderíamos deixar passar a chance de lamber as bolas do maior jogador da história dessa bagunça sediada em Minneapolis em um texto longo, cansativo, quiçá informativo, escrito em diversos parágrafos que misturam linguagem formal e clubismo da pior espécie.
Antes mesmo de pisar numa quadra da NBA, Kevin Garnett já mereceria uma nota de rodapé na história da liga, isso porque KG foi o primeiro jogador draftado diretamente do Ensino Médio, caminho esse que se tornaria comum nos anos a seguir e que deu muito certo para alguns, Kobe Bryant e Tracy McGrady por exemplo, e não muito certo para outros, como esquecer de nomes como Kwame Brown e Sebastian Telfair? Porém, Garnett foi o primeiro e estabeleceu uma espécie de protótipo do que se procuraria em um jogador de Ensino Médio para que ele se desse bem na NBA. Antes da chegada de Kevin Garnett, o Timberwolves ostentava o título de piada oficial da NBA (tão antigo e tão recente), isso porque a franquia que foi formada em 1989 até então não havia disputado uma partida sequer de playoffs, pior ainda, o time nunca havia tido uma temporada com mais de 30, isso mesmo TRINTA, T R I N T A vitórias, não a toa KG logo ganhou o apelido de “The Big Ticket”, visto que ele era o ÚNICO motivo pelo qual alguém em sã consciência assistiria uma partida do Wolves.
No final, KG disputou 14 temporadas pelo Timberwolves, 12 em sua primeira passagem e duas na sua volta. Das 15 seleções para o All-star game ao longo de toda sua carreira, 10 vieram em suas primeiras 12 temporadas pela franquia de Minnesota. Garnett liderou o time à 8 aparições consecutivas nos playoffs, da temporada 1996-1997 até a temporada 2004-2005 (o Wolves só voltaria aos playoffs na temporada 2016-2017 ao encerrar um jejum de 13 anos sem playoffs, um dos maiores na história da NBA). Em Minnesota, KG receberia o prêmio de MVP da temporada 2003-2004, mesma temporada em que ele levaria o time até o seu ponto mais alto, a final da Conferência Oeste. Porém, a história de Kevin Garnett em Minnesota é muito mais triste e dramática do que o texto até aqui faz transparecer.
Garnett é o líder histórico do Timberwolves em jogos, minutos, arremessos de quadra, lances livres, pontos, rebotes, assistências, tocos, roubos, turnovers, triple-doubles, etc. Ao ver os recordistas do Wolves dá a impressão que apenas KG jogou na franquia, já que ele lidera todas as categorias importantes. Mais que isso, na temporada 2002-2003, Garnett liderou o Wolves em médias de pontos (23.0), rebotes (13.4), assistências (6.0), roubos (1.4) e tocos (1.6). Impressionante, certo? Certo, na história da NBA apenas outros 4 jogadores lideraram os seus times em todas as principais estatísticas, são eles: Dave Cowens (Celtics, 1977-1978), Scott Pipen (Bulls, 1994-1995), LeBron James (Cavs, 2008-2009) e Gianis Antetokoumnpo (Bucks, 2016-2017). O que todos esses jogadores tem em comum? Todos eles tinham péssimos elencos de apoio nesses anos.
Falta de competência em montar um elenco de apoio foi a grande falha do Timberwolves em relação à Kevin Garnett. O Big Ticket deu tudo de si para a franquia e em retorno recebeu times medíocres ou, na melhor das hipóteses, questionáveis. Como ser campeão da NBA se o melhor time que você tem ao seu redor tem como principais jogadores Sam Cassell e Latrell Sprewell? Nada contra esses jogadores, mas era pouco para competir com o melhor Kings da história, ou o Lakers de Shaq e Kobe, ou o Spurs de Duncan, Parker e Ginobili.
Eventualmente KG percebeu que não conseguiria nada em Minnesota, um pedido de troca pareceria inevitável, certo? Errado!! A lealdade de Garnett com a franquia que desperdiçava sua carreira era uma relacionamento mais abusivo do que o do Toledo com o seu Marea turbo. Diz a lenda que Ganett não queria sair de Minnesota, mas sim a franquia que fez a ele um favor e o enviou em 2007 para o Celtics por um pacote enorme de jogadores com potencial, que nunca viraram nada (exceto o nosso ídolo cult Al Jefferson), e escolhas de draft, que adivinhem, não viraram nada. Apesar da troca ter sido ruim para o Wolves, para Garnett ela foi excelente, enfim ele estava numa franquia funcional e de cara cercado de bons jogadores, como esquecer do Big-three original formado por KG, Ray Allen e Paul Pierce. Também de cara, Garnett foi campeão, num time que destruiu a NBA na temporada 2007-2008, onde KG era a âncora defensiva da equipe e venceu o seu único prêmio de defensor do ano, mas voltamos a esse assunto daqui a pouco. Quis o destino que esse fosse o único título do nosso Messias, visto que na temporada seguinte ele se machucou e perdeu todos os playoffs e na temporada 2009-2010, mesmo chegando a final, o Celtics perdeu o parceiro de garrafão de Garnett, Kendrick Perkins, quando a equipe liderava a final da NBA por 3 a 2 contra o Lakers. Com a ausência de Perkins, KG não deu conta sozinho de conter Pau Gasol e Andrew Bynum e o Lakers acabou copando essa.
Após passagem apagada pelo Nets, na temporada 2014-2015, KG completou sua jornada do herói e voltou para o Timberwolves para se aposentar por lá. A equipe era ruim e Garnett já em final de carreira não jogou tanto, mas o seu retorno ao Target Center é até hoje um dos momentos mais emocionantes que um torcedor do Timberwolves guarda pra si.
Ao se aposentar depois da temporada 2015-2016, Garnett fechou o seu currículo como sendo o único jogador da história da liga a alcançar mais de 25 mil pontos, 10 mil rebotes, 5 mil assistências, 1500 roubos e 1500 tocos, além disso KG é o décimo oitavo maior pontuador (quinto entre alas-pivôs), nono maior reboteiro e décimo oitavo maior bloqueador da história da NBA. Quer mais? Então toma! Garnett foi selecionado 12 vezes para algum dos times de defesa da NBA (segundo maior da história) e 9 vezes para o primeiro time de defesa (empatado com Kobe Bryant, Gary Payton e Michael Jordan em primeiro lugar). Apesar dessas nomeações, KG venceu apenas um prêmio de defensor do ano, e com o Celtics ainda por cima. Isso se deve ao fato de que em Minnesota, Garnett era um faz tudo, ele carregava a bola, armava o jogo, pontuava no garrafão, fora do garrafão e defendia, enquanto que no Celtics ele teve suas responsabilidades divididas e pode se dedicar a defesa, sua especialidade. Alias, se hoje temos jogadores de garrafão armando o jogo, isso só foi possível graças ao KG.
Toda vez que o nome Kevin Garnett é trazido para uma discussão, as palavras intensidade, defesa, paixão pelo jogo e lealdade vêm junto, isso porque KG mudou a NBA com sua dedicação e forma agressiva com que se comportava em quadra, como esquecer das inúmeras confusões que Garnett arrumou com seu trash-talk. Abraços Carmelo Anthony.
KG hoje está no Hall da Fama e terá sua camisa 5 aposentada pelo Celtics ainda nesta temporada. Sobre o Wolves, Garnett diz que ainda não está preparado para uma cerimônia de aposentadoria da sua icônica camisa 21, obrigado Glenn Taylor, mas isso pode mudar já que a franquia acabou de ser vendida e Garnett parece querer se envolver mais com ela.
Jogador: Mark Davis
Pick: 48
Posição: SG
Categoria: Bojan Dubljieviç
Comentários: O que? Teve draft depois do KG?.
Jogador: Jerome Allen
Pick: 49
Posição: PG
Categoria: Bojan Dubljieviç
Comentários: Prazer, Ricardo. Quer ouvir um pouco sobre a revolução do proletariado?
Análise do Draft: Kevin Garnett na pick 5 foi o auge do draft. Chega de análise!!
Bom camaradas, que draft. Apesar de termos focado apenas na figura de Kevin Garnett, o que não poderia ser diferente. Esse draft de 1995 vai afetar o Wolves negativamente no futuro, mas isso é papo pra outra hora.
Ricardo Mouse
o comunista que respira gás hélio!